quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Um porteiro que gostava de poesia


Imb- Dá para entrar?
Porteiro- Isto está um bocado cheio, aguarde ai um bocado e vá lendo isto.

"Por isso te vejo a desaparecer
rapidamente, como um dente-de-leão ao vento
da minha voz, ao agredir-te sem que te
doa ou marque para sempre.
E para que os dias passem, bebo-me
de dentro das mãos. Como um vinho verde
que me corre no corpo e assim a visão do mundo
é mais carente - o frio que sinto é da
cidade.
Nada mais existe por aqui que me prenda
ou que me faça ficar. Visto a mala para
pensar na partida, carrego-me pela porta até
ao jardim que se estende lá fora, sem luz sem sol
nem calor.
Os meus pés já não caminham porque
não sabem. Porque todas as cartas me ensinaram
que a maneira como se pisa um ladrilho é igual
à de pisar um rosto
mesmo que de tal não se goste.
Por isso perco os sentidos nesta cidade
sem polícia e sem refúgios - como se fosse eu
o último a perder-me nas ruas labirínticas e
planas onde o vento me espalha a memória como
água em papel."

Imb- Mas quem é que escreveu esta merda?
Porteiro- Isso acho que é do Sérgio Xarepe.
Imb- E é a isto que chamam poesia? Que merda! Já no outro dia estava a ver na televisão um gajo qualquer a comentar um quadro e dizia que o pintor tinha um sentido poético e blá blá blá... Aquilo era só riscos, bah! eu agora fazia aqui uma bosta e chamava-lhe poesia!... Mas afinal o que é que é a poesia?
Porteiro- poesia é uma porta fechada para os imbecis!


Não sei se o Xarepe leva a mal ter posto aqui um poema dele

Headskin

5 comentários:

Anónimo disse...

excelente...

headskin disse...

Viva!!!

Squid Head disse...

Poema muito fixe.

Anónimo disse...

gostas muito:)

Harry disse...

Procuro um trabalho de segurança eletrônica, que eu treino, eu instalar todos os tipos de cercas, câmeras, alarmes.

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santarém, Portugal
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